segunda-feira, 14 de junho de 2010

Os Males da Revolução Francesa na Itália

A Revista Catolicismo fez uma entrevista com um dos maiores estudiosos e escritores do assunto, Prof. Massimo Viglione, autor de dois livros recentíssimos sobre o assunto: Rivolte dimenticate. Le insorgenze degli italiani dalle origini al 1815 [Rebeliões esquecidas. A insurreição dos italianos desde as origens até 1815], Roma, Città Nuova, 1999 (340 pp.) e Le insorgenze. Rivoluzione & Controrivoluzione in Itália [As insurreições. Revolução e Contra-Revolução na Itália], 1792-1815, Milano, Edizioni Ares, 1999 (240 pp.).

Relato aqui alguns trechos do Prof. Massimo Viglione:

“Os soldados e funcionários de Napoleão eram “revolucionários” que vinham modificar pela força a essência da sociedade italiana, formada ao longo do tempo; vinham para aniquilar 1400 anos de civilização cristã, para substituí-la por uma sociedade laicista e igualitária.”
“Os franceses, sob as ordens de Napoleão, saqueavam tudo: as casas dos pobres, as igrejas, os hospitais, os “Montes de Piedade” (institutos de poupança e crédito fundados pela Igreja para benefício das classes mais necessitadas). Onde chegavam, impunham impostos de guerra sem limites, profanavam os conventos, cometiam sacrilégios contra o Santíssimo Sacramento, dispersavam as relíquias dos Santos, impunham leis ferozmente laicistas, e até uma que obrigava os Bispos a fazer o serviço militar... Além disso, levaram embora boa parte dos tesouros de arte da península italiana, inclusive a própria Imagem de Nossa Senhora de Loreto e os célebres cavalos de bronze da Basílica de São Marcos de Veneza. O maior furto da História, feito em nome da fraternidade!”

“Em Mondovì, foram massacrados a fio de espada 1500 mulheres e crianças em apenas uma hora de repressão, outras 1500 pessoas em Isernia, 2200 em Amantea, 9000 em San Severo, 4000 em Andria, sem contar os 10.000 mortos em Nápoles, no levante dos Lazzari, durante o qual os napolitanos foram queimados vivos nas suas próprias casas. No dia 22 de agosto de 1806, na igreja de São Lourenço, em Reggio Calábria, dezenas de mulheres, velhos e crianças, que tinham procurado refúgio nesse lugar sagrado, foram queimados “até o último”. Ninguém lhes propôs sequer a rendição ou sair para fora, como reconheceu em seu relatório um oficial de José Bonaparte. Na Abadia de Casamari, ainda no ano 1799, depois de serem hospedados pelos monges, os soldados napoleônicos entraram na igreja para pisar com os cavalos as hóstias consagradas. Quando os monges jogavam-se no chão tentando recuperá-las, os franceses golpeavam-nos com os sabres, primeiro cortando-lhes os dedos, e depois, assassinando-os. Um recente cálculo refere-se a pelo menos 200.000 italianos mortos em defesa da Civilização Cristã," [...]
Diante dessas atrocidades os italianos reagiram.
“Na maior parte dos casos, as reações eram de caráter popular e espontâneo,” [...] “Somente depois do levante da população, os nobres, e às vezes até os sacerdotes, passavam a comandar o movimento. Mas todas as classes sociais participavam das insurreições, sem nenhuma exclusão. Sobretudo o povo miúdo, um pouco menos a burguesia, embora também ela tenha aderido no fim.”
“O caso mais clamoroso nesse sentido foi o do Cardeal Ruffo, em sua empresa de reconquista do Reino de Nápoles: tendo desembarcado no dia 7 de fevereiro na Calábria à testa de sete homens, já no mês de abril vemo-lo chefiando milhares de voluntários. E no dia 13 de junho entra vitorioso em Nápoles, com um exército imenso, para derribar a República jacobina e restaurar os Bourbons. A cidade de Arezzo organiza em poucos dias um exército de 38.000 voluntários e reconquista o Grão Ducado da Toscana.”
(Revista Catolicismo de julho de 1999)

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