É bom esclarecer o que alguns têm me questionado:
“Gosto muito de todas as postagens do seu Blog, inclusive as de catecismo. Mas estou com saudades das histórias dos grandes combates da Igreja e dos Católicos.” Respondo:
É bom saber por que os inimigos da Igreja odeiam a Igreja e os Católicos. E não é difícil de responder: a prática das virtudes, das bem-aventuranças, o caminho da santidade causa ódio nos que odeiam a Igreja. Um católico que vive de conformidade com o mundo não é odiado, muito pelo contrário, ainda é elogiado pelos que odeiam a virtude. A maior vitória dos inimigos da Santa Igreja é fazer com que um católico viva de conformidade com o mundo moderno. Um católico que vive no meio do satânico rock pesado (heavy metal), que usa os trajes escandalosos da moda, que aceita todos os disparates da modernidade... que ódio esse católico atrairá? Mas imaginem um católico de princípios; que não segue a moda escandalosa; que ouve músicas boas e repudia as más; que vai à missa e se confessa; que pratica as virtudes, que constituiu sua família nas bases sólidas do cristianismo... Esse católico e sua santa família é como um navio “couraçado” que bate de frente com as tendências revolucionárias do mundo de hoje... Ele acaba sendo invejado e ao mesmo tempo odiado...
De nada adiantaria eu fazer as postagens se essas não fossem um convite à prática da virtude e do caminho da santidade. Sendo assim, os convido para o maior de todos os combates: o combate ao pecado com vistas a uma vida santa.As bem-aventuranças evangélicas são oito:
1 — Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino do Céu.
2 — Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a Terra.
3 — Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.
4 — Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
5 — Bem-aventurados os misericordiosos, porque encontrarão misericórdia.
6 — Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.
7 — Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus.
8 — Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, porque deles é o reino do Céu.
Jesus Cristo propôs as bem-aventuranças para fazer detestar as máximas do mundo e para convidar a amar e praticar as máximas de seu Evangelho.
O mundo chama bem-aventurados aqueles que abundam em riquezas e honras, que vivem alegremente e não têm nenhuma ocasião de sofrer.
Os pobres de espírito, segundo o Evangelho, são os que têm o coração desapegado das riquezas; delas fazem bom uso, se as possuem; não as procuram com solicitude, se não as têm; e sofrem com resignação sua perda, se lhes são tiradas.
Os mansos são aqueles que tratam o próximo com brandura e sofrem com paciência os defeitos e as ofensas que deles recebem, sem querela, ressentimento ou vingança.
Os que choram, e no entanto são chamados de bem-aventurados, são os que sofrem resignados as tribulações e se afligem pelos pecados cometidos, pelos males e pelos escândalos que se vêem no mundo, pela ausência do paraíso e pelo perigo de perdê-lo.
Os que têm fome e sede de justiça são aqueles que desejam ardentemente progredir cada vez mais na graça divina e na prática das obras boas e virtuosas.
Os misericordiosos são aqueles que amam a Deus e, por amor de Deus, o próximo, compadecem-se das suas misérias espirituais e corporais e procuram socorrê-lo segundo as suas forças e o seu estado.
Os puros de coração são aqueles que não têm nenhum afeto ao pecado, se afastam dele e evitam sobretudo toda sorte de impureza.
Os pacíficos são aqueles que conservam a paz com o próximo e consigo mesmos e procuram estabelecer a paz entre aqueles que estão em discórdia*.
Os que sofrem perseguição por amor da justiça são aqueles que suportam com paciência os escárnios, censuras e perseguições por causa da Fé e da lei de Jesus Cristo.
Os diversos prêmios prometidos por Jesus Cristo nas bem-aventuranças significam todos, sob diversos nomes, a glória eterna do Céu.
As bem-aventuranças não nos alcançam somente a eterna glória do paraíso, mas são também meios de conduzir neste mundo uma vida feliz, tanto quanto possível. Certamente os que seguem as bem-aventuranças recebem já alguma recompensa ainda nesta vida, porque gozam de uma paz e um contentamento internos que são o princípio, embora imperfeito, da felicidade eterna. Os que seguem as máximas do mundo não são felizes, porque não têm a verdadeira paz de alma e correm o perigo de se condenar.
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Traduzido do Catechismo Maggiore promulgato da San Pio X, Roma, Tipografia Vaticana, 1905, Edizione Ares, Milano, pp. 212-215.
Nota da redação:*Evidentemente não se trata de uma paz a qualquer preço, mas sim daquela que é fruto da justiça. Dando-se a Deus o louvor que Ele merece, e a cada um o que é seu, age-se com justiça e se obtém a paz. De um mundo baseado nas ofensas a Deus, como o nosso, não se pode esperar uma paz verdadeira.